terça-feira, 15 de novembro de 2011

Determinado a não facilitar

Otelo parece entusiasmado com os tumultos na Grécia. E ressuscitou no seu pior. Diz que não gosta de ver militares na rua, mas ameaça com uma saída dos quartéis. Desta vez, diz que até pode ser mais fácil organizar um golpe que derrube o poder político do que foi em 74. Bastam 800 homens.

Na Madeira, Alberto João Jardim não prepara a revolução, mas parece. Com a "troika" a exigir-lhe poupança, decidiu dar folga aos funcionários do seu Estado para o ouvirem discursar. Como se eles tivessem ouvido outra coisa nos últimos 30 anos.

Em Lisboa, Juncker, o presidente do Eurogrupo, encontrou-se com Passos Coelho, em S. Bento, à hora em que Jardim discursava. E não terão ouvido em directo a enésima insolência do político madeirense, que, ao tomar posse – mais uma vez – festejou à dívida contraída porque agora ela não seria possível.

Visto de fora, Portugal tem sol, é ameno, simpático e conta, para já, com um primeiro-ministro que se reafirma determinado a não facilitar na correcção das dívidas. Mas quem aterrasse ontem em Lisboa e ouvisse Otelo e Jardim bem podia lembrar-se do desabafo do general romano que um dia terá constatado: há na parte mais ocidental da Ibéria um povo muito estranho que não se governa nem se deixa governar.

Ângela Silva
http://www.rr.pt/

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