quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Base militar síria

Serviços secretos da Força Aérea são uma das agências mais temidas no país
Base militar síria atacada por desertores do exército fiel a Assad

Um grupo de soldados desertores das tropas sírias atacou durante a noite uma importante base militar do país em Harasta, perto da capital, Damasco, dando sinais de uma cada vez maior intensificação da oposição armada ao regime do contestado Presidente, Bashar al-Assad.

Segundo fontes do grupo da oposição Comissão Geral da Revolução Síria, partes do complexo da base da Força Aérea de Harasta foram destruídas, incluindo o edifício que serve de sede aos serviços secretos deste ramo das forças militares do país.

Os desertores, que se reúnem já num semi-organizado Exército Livre da Síria, usaram rockets e metralhadoras neste ataque às forças convencionais, o mais ousado desde que as primeiras manifestações pacíficas contra Assad eclodiram a 15 de Março – visando agora um alvo que é considerado um dos mais temidos no país e aquele que mais significativo papel tem tido na repressão infligida pelas autoridades contra os protestos ao regime.

Este ataque surge no mesmo dia em que a Liga Árabe reúne em Marrocos para oficializar a suspensão da Síria da organização, decidida já na semana passada, depois de o regime de Assad não ter cumprido no terreno os termos do acordo – que tinha aceite – para pôr fim a esta crise, que acumula mais de 3500 mortos, segundo estimativas das Nações Unidas.

O regime sírio, que argumenta estar a combater “grupos criminosos armados”, mantém os seus tanques e soldados dentro das cidades revoltosas, recusa permitir a entrada de jornalistas estrangeiros no país e nada fez ainda para encetar negociações sérias com a oposição, tudo condições expressamente elencadas no acordo do Plano de Acção Árabe.

Além da operação contra a base de Harasta, nos subúrbios da capital, os soldados rebeldes lançaram também durante esta noite e madrugada outros ataques, mas já de menor envergadura, contra postos de controlo militar nas imediações das cidades de Douma, Qaboun, Arabeen e Saqba. Dois dias antes o auto-designado Exército Livre da Síria atacara uma posição militar do regime em Deraa – a cidade onde surgiram as primeiras manifestações – causando a morte a 34 soldados leais a Assad e 12 desertores.

Por Dulce Furtado,
http://www.publico.pt, 16.11.2011

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