A Espanha foi a eleições no Domingo passado. Com uma invulgar afluência às urnas conferiu uma estrondosa vitória ao centro direita e defenestrou o Partido Socialista para a maior derrota de sempre. A democracia fez-se e o povo decidiu.
Esta vitória tem, porém, uma história.
Em 2004, Zapatero foi o vencedor improvável das eleições gerais. O atentado de Atocha e a reacção de Aznar desmoronaram a vitória espectável de Rajoy. Por margem mínima, e fruto desta circunstância, o PSOE regressou ao governo suportado nas Cortes pelos partidos autonomistas e nacionalistas. E, como é dos livros, estes cobraram o apoio. A economia resvalou, o desemprego cresceu e o “milagre económico” de Aznar reconduziu-se à “bolha imobiliária”, mantendo artificialmente padrões de vida que as políticas económicas da direita tinham conseguido assegurar. Ao declínio económico sucedeu uma crispação social e política sem paralelo desde a transição democrática. O “pacto constitucional” (fruto do entendimento promovido por Suarez, Gonzalez, Fraga e Carrillo e que reergueu a Espanha, reconciliou-a com o seu passado e tentou sarar as feridas da Guerra Civil) foi simplesmente incinerado pela “Lei da Memória Histórica”. Numa pulsão só compreensível à luz de um incontrolável desforço, Zapatero afrontou a ossatura da sociedade espanhola, desde a Igreja (com os tristes episódios da primeira visita de Bento XVI) à própria Coroa (ao aceitar coligar-se no governo da Catalunha com a esquerda republicana).
Foram anos para esquecer, embora na altura particularmente saudados por alguns, como Soares, e com tímidas réplicas noutros, como Sócrates. No Domingo a Espanha ergueu-se de novo. Na sua diversidade. E na sua notável resistência.
22 | 11 | 2011
Eduardo Sá
2 comentários:
Existe uma incorrecção no texto. Invulgar afluência às urnas?
Votaram menos que em 2008...
http://www.tvi24.iol.pt/internacional/espanha-eleicoes-pp-mariano-rajoy-tvi24/1300841-4073.html
Obrigado pela correcção.
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