quarta-feira, 13 de julho de 2011

O PS Pós-Sócrates

Já várias pessoas notaram que a campanha para a liderança do PS está muito mortiça. O desinteresse dos media e do público é talvez compreensível, tendo em conta a ressaca universal pós-Sócrates, mas nem os socialistas se mostram muito entusiasmados com a escolha do herdeiro. Pacheco Pereira, que tende a intelectualizar as coisas, culpa a desertificação a que o ex-PM votou o partido pela indigência do debate interno. Eu, que sou um cínico, acho que o problema é outro: toda a gente vê o próximo secretário-geral do PS como um líder de transição. Mal ou bem, há a percepção geral de que a coligação de direita está para durar e que, portanto, o PS vai fazer nos próximos tempos a sua travessia do deserto seja quem for o camelo que o leva às costas (sem ofensa).

É pena, porque as democracias só funcionam realmente bem quando a oposição representa uma alternativa ao Governo. Isto, que constitui uma evidência de la Palisse, ainda é mais evidente e mais lapalissiano em tempos de crise. Um PS em estado comatoso nos próximos anos não é uma boa notícia para ninguém. Não é para o Governo, que precisa mais do que nunca de um interlocutor válido no Parlamento, e não é para o país, que precisa mais do que nunca de quem fiscalize o Governo. A bem de todos, esperemos que haja vida depois de Sócrates.


por Pedro Picoito
http://cachimbodemagritte.com/

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