terça-feira, 21 de junho de 2011

«Estranho dia o de ontem»

«Houve surpresa quando se viu Passos Coelho a insistir em Fernando Nobre. Não tanto por este ser bom ou mau para o cargo a que se candidatava, mas pela forte probabilidade daquilo poder dar para o torto.

«Ora, se podia dar para o torto, por que não procurar soluções alternativas? Neste assunto, eleição do presidente da Assembleia da República, o PSD tinha duas hipóteses: 1) insistir em Fernando Nobre, com o risco de não o eleger; e 2) arranjar outro candidato, como solução seguramente ganhadora: juntos, o PSD e o CDS têm 132 deputados, mais 16 do mínimo necessário para a eleição de um presidente de AR, vantagem confortável mesmo quando o voto é secreto.

«Mas, não, o PSD foi pela hipótese 1), arriscando-se à derrota que aconteceu. Há duas interpretações para a insistência. Perder aquela eleição era irrelevante; perde-se Nobre, vai-se para outro candidato e, dessa vez, junto ao CDS, ganha-se... Mas fica a dúvida: não se prejudicou, entretanto, a dinâmica de que o novo Governo precisa? A segunda interpretação: o PSD insistiu porque dera a palavra antes. Mas não valia mais contornar uma hipótese tão arriscada?

«"A habilidade em política consiste em dizer o que vai acontecer. E, de seguida, a habilidade de explicar porque é que tal não aconteceu..." A frase é cínica, mas é de alguém que merece ser ouvido e, aliás, tem admiradores no novo Governo: Winston Churchill.»

por FERREIRA FERNANDES
Hoje, http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1884102&seccao=Ferreira%20Fernandes&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

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