quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lição de economia - 1

Todos nós somos gestores e economistas. Uns melhore e outros piores, mas todos gerimos a nossas casas e as nossas famílias. Todos gerimos os rendimentos mensais da família e com eles pagamos as nossas contas, contraímos empréstimos ao consumo, adquirimos habitação, carros, etc. Mas sempre com um tecto estabelecido pelo que entra de rendimentos e pelo que podemos dispor e para o que devemos dispor.
Claro que estas contas são tão mais fáceis, quanto menor é a crise económica e as pressões sobre os bens de consumo que todos somos obrigados a gastar. Se a crise é menor, logo os nosso rendimentos dão para mais. Pois os juros das nossas dividas estão indexados ao preço do dinheiro, que são estabelecidos pela situação económica do país (ou do mundo). Assim como os preços do bens em geral. Contando, claro, que mantemos os nossos empregos.
E fazemos isto à décadas (no meu caso, que até sou um rapaz novo). Como disse, umas vezes melhor, outras com mais dificuldade. Mas sempre em função do que recebemos.
Ufa!!!
Mas isto não é novidade para ninguém, pois não? Aliás, muitos de vós conseguirão dizer isto bem melhor do que eu.

Mas façam o seguinte exercício comigo. Todos recebemos duas ou três vezes ao ano um incremento no rendimento normal mensal. São os subsídios de férias e de Natal e para alguns o reembolso do IRS. E como todos ansiamos para o receber. Até porque normalmente, antes de entrar já está gasto.
Mas imaginem, que tendo em conta estes suplementos ao rendimento, uns meses antes, por falta de dinheiro para as despesas correntes, íamos ao banco pedir dinheiro até que um destes  suplementos entre e seja mais balão de oxigénio que ajude a adiar o inevitável.
Mas, nos meses que antecedem a entrada destes rendimentos temos entretanto que ir pagando o dinheiro que pedimos ao banco. Certo? Então se não tínhamos dinheiro em primeiro lugar, só podemos pagar com aquilo que pedimos. Certo? Ou seja, se precisávamos de 500 temos que pedir 1000 para com os restantes 500 ir pagando até se poder amortizar com os tais rendimentos extraordinários.
Conclusão: estamos a fazer um negócio de merda, pois estamos a pagar prestações de um empréstimo com os juros do próprio dinheiro que pedimos. Logo, tapamos a cabeça com o lençol mas destapamos os pés. E assim sucessivamente. E cada vez que se lava o lençol encolhe um pouco mais...
Quanto estamos então a pagar por este dinheiro? É este um negócio que alguém de seu prefeito juízo faça? E se fizer quais são as consequências a médio prazo de estar a pagar muito mais do que o que tem e do que se pede ao banco. É que volta e meia temos que pedir mais. Para pagar o que entretanto vamos deixar de poder pagar. Chama-se a isto, em linguagem parola do Norte, o "efeito bola de neve". Quanto mais rola mais cresce.

Ora tudo isto para vos introduzir esta noticia que vem hoje na imprensa local (pequenina mas lá está). No meu caso fui buscar aqui. Leiam que ficam a perceber este meu post ENORME.

Fonte: Correio do Minho

Sem comentários: