quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dez irmãos de pais diferentes

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No contexto do Fiuggi Family Festival, na Itália, foi projectado no dia 26 de Julho o novo filme de John Lee Hancock, “The Blind Side” (“Um sonho possível”, EUA, 2009), com Sandra Bullock, que causou grande entusiasmo e foi aplaudido pela plateia.

Trata-se de facto de um filme extraordinário, que suscita risos e lágrimas de comoção.

O filme é baseado na história real de Michael Oher, um jovem negro nascido em condições dificílimas. Sem jamais ter conhecido o pai e com a mãe envolvida com drogas, Michael tem pelo menos dez irmãos de pais diferentes.

Com a idade de sete anos, o pequeno Oher é separado de sua mãe e conduzido para um orfanato. É adoptado por diversas famílias, das quais acaba sempre por fugir. Assim, cresce um rapaz de físico descomunal e imensa força, mas com o coração em frangalhos. Sem lar e sem família, num contexto social degradado marcado pelas drogas, pela prostituição e pela violência, a maior parte de seus amigos morre ainda novo.

Na véspera do Dia de Acção de Graças, Michael, conhecido por todos como Big Mike, caminha só e sem rumo pelas ruas de Memphis, até encontrar uma família – branca, rica e cristã – que o convida para passar a noite em sua casa.

Este encontro muda a vida de Michael - mas também e principalmente, da família que o encontrou.

Precisamente como ocorre em toda acção movida por um amor gratuito, a caridade transforma a vida e o coração de todos aqueles que a cultivam.

Michael é dócil, bom e protector. A família decide adoptá-lo, auxiliando-o nos estudos, busca estabelecer uma relação com a mãe natural; convida-o a crescer e a não se isolar, incentivando-o a treinar futebol americano.

E assim, Michael cresce em proporção ao amor que recebe; um milagre de humanidade que liberta toda a potencialidade do rapaz. O filme percorre toda a trajectória da história real de Michael Hoer, até que se torne um dos maiores jogadores de futebol americano dos EUA.

Por sua beleza e intensidade, “The Blind Side” foi premiado em 2009 com o Oscar de melhor actriz para Sandra Bullock, e foi indicado para o Oscar de melhor filme 2009. Sandra Bullock recebeu também Globo de Ouro de melhor actriz (categoria drama) por sua actuação, além do Critics Choiche Awards e o Screen Actors Guild Award.

O filme é único em seu género por revolucionar os habituais clichês e preconceitos ideológicos associados à imagem da família – especialmente a da família branca, rica e cristã do sul dos EUA.

No imaginário colectivo, esta família seria tipicamente racista e hipócrita, enquanto que a família retratada no filme ama profundamente o rapaz adoptado a ponto de romper definitivamente com aqueles que ainda mantinham preconceitos.

A história de Michael mostra como nenhum obstáculo se pode contrapor à força do amor, e como o crescimento de uma família é capaz de mudar a sociedade.

Por Antonio Gaspari
ROMA, 28 de Julho de 2010 (ZENIT.org)

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