quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um pontificado de clarividência e de humildade

"(...) a maior das perseguições contra a Igreja não advém de inimigos externos, mas nasce do pecado no seio da Igreja, e a Igreja, portanto, tem uma profunda necessidade de reaprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender, por um lado, o perdão, mas também a justiça. O perdão não substitui a justiça."

Bento XVI, a caminho de Portugal.

Tenho acompanhado com a atenção possível a visita de Bento XVI a Portugal, bem como as últimas notícias sobre os escândalos que envolvem alguns membros da Igreja. E não tenho dúvida absolutamente nenhuma de que, pela cabeça de Joseph Ratzinger, terá passado, muitas vezes, a ideia de uma qualquer teoria da conspiração, a propósito destes casos (que, na sua maioria, não são novos).

Ora, esta declaração sobre os perigos que a Igreja enfrenta, mas também sobre o que precisamos todos de aprender (sempre) sobre o perdão e sobre a justiça constitui(apenas mais um) sinal de que estamos perante uma pessoa muito especial.

Parece-me, aliás, cada vez mais evidente que, se as marcas de João Paulo II foram o seu carisma e uma afirmação verdadeiramente personalista e cristã do conceito de liberdade, as "marcas" do pontificado de Bento XVI podem bem ser a humildade e a clarividência, num mundo de egotismo, de destruição, mas sobretudo de muitas incertezas.

Timidamente, os que torceram o nariz a Joseph Ratzinger, vão-se rendendo ao pontificado de Bento XVI, um homem que tende a brilhar mais intensamente quando todos à sua volta mais precisam de uma referência. Um farol, sempre pronto a indicar urbi et orbi o caminho de um porto seguro, sem abdicar nunca da identidade da Igreja.

Simpatize-se ou não com as ideias ou com a fé de Joseph Ratzinger, o facto é que Bento XVI é, sem dúvida (e como muito bem disse o nosso Presidente da República) uma referência incontornável do nosso tempo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estava a entrar em desespero e numa profunda tristeza, pois, por motivos profissionais , não tenho a possibilidade de ver televisão nem ler jornais. Limito-me à blogosfera e até agora tudo o que li , deixou-me tremendamente desiludida com palavras proferidas levianamente sobre Bento XVI e a sua visita a Portugal.
Enfim...

Mas depois de vir aqui, sinto-me melhor e estou de acordo integralmente!

;)

Rui Moreira disse...

Obrigado, Raquel.

Curiosamente, e do pouco que tenho visto, uma das poucas análises com o mínimo de profundidade, conhecimento e ponderação à figura e às palavras de Bento XVI foi feita pelo Prof. Carlos Abreu Amorim na RTP-N, conhecido blogger do Blasfémias e Ilustre Professor de Direito da Universidade do Minho, liberal, incréu e com fama de mata-frades... O resto tem sido muito pobre mesmo, e o pior é que me parece que nem é (tanto) por ignorância, às vezes é mesmo má-vontade.