quarta-feira, 12 de maio de 2010

Laicidade positiva

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"De uma visão sábia sobre a vida e sobre o mundo deriva o ordenamento justo da sociedade. Situada na história, a Igreja está aberta a colaborar com quem não marginaliza nem privatiza a essencial consideração do sentido humano da vida. Não se trata de um confronto ético entre um sistema laico e um sistema religioso, mas de uma questão de sentido à qual se entrega a própria liberdade. O que divide é o valor dado à problemática do sentido e a sua implicação na vida pública. A viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja, que as duas Concordatas de 1940 e 2004 formalizariam, em contextos culturais e perspectivas eclesiais bem demarcados por rápida mudança. Os sofrimentos causados pelas mutações foram enfrentados geralmente com coragem. Viver na pluralidade de sistemas de valores e de quadros éticos exige uma viagem ao centro de si mesmo e ao cerne do cristianismo para reforçar a qualidade do testemunho até à santidade, inventar caminhos de missão até à radicalidade do martírio."

Excerto do discurso que o Papa Bento XVI pronunciou, ao chegar ao aeroporto internacional de Portela (Lisboa), em presença do Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, do Patriarca de Lisboa, cardeal José da Cruz Policarpo, e outras autoridades civis e eclesiais.

1 comentário:

Rui Moreira disse...

o título cai que nem uma luva, é mesmo de laicidade positiva que o Papa fala, por contraponto a uma laicidade negativa, feita de antagonismo e de desrespeito. Este Papa é um Senhor...