quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Pior era difícil"

"O folhetim das presidenciais no PS está a atingir o absurdo. Manuel Alegre avançou, convicto de que a sua família política – o PS, como ontem teve que lembrar – o seguiria. Mas, às vezes, o impensável acontece.

"Literalmente partido, o Partido Socialista diz tudo e o seu contrário e José Sócrates assobia para o ar, incapaz de pôr ordem no caos.

"A ala esquerda do PS quer Alegre, a ala direita nem pensar, Mário Soares tem contas a ajustar com o poeta e tem muito peso em José Sócrates. Alguém da direcção do partido noticiou que o apoio a Alegre será logo este formalize a candidatura, um comunicado oficial veio desmentir. E António Vitorino, guru do líder socialista, veio alimentar o suspense: diz que o PS deve anunciar o que vai fazer nas presidenciais, seja o apoio ao poeta ou outra coisa.

"A hipótese de Sócrates deixar cair Manuel Alegre paira no ar e o líder socialista só por preconceito e vergonha é que não faz o que Cavaco fez com Soares – quando o apoiou em vez do PSD apresentar um candidato próprio.

"Aconteça o que acontecer, e mesmo que o PS acabe a apoiar o poeta, já se percebeu que o fará com um entusiasmo indigente. Aparentemente, Sócrates prefere que Cavaco continue. É pena não ter coragem de o dizer. Assim, arrisca-se a deixar o partido mais partido do que já está. E a acelerar a sua própria saída de cena."

Ângela Silva,
RR, 15.4.2010

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