terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"Barreto aponta estratégia governamental de condicionamento da opinião pública"

"Quando está marcado o lançamento da Pordata, a maior base de dados estatísticos relativos aos últimos 50 anos de Portugal, que a Fundação Francisco Manuel dos Santos disponibiliza de forma gratuita e universal, o presidente da instituição concedeu uma entrevista à Agência Lusa na qual aborda algumas das questões que dominam o actual momento da vida política portuguesa.

"O investigador social, cronista e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos diz que "vivemos num país onde há fortíssimas tentativas de condicionamento da opinião pública, e onde os grandes grupos económicos, e o Estado, têm vindo desde os últimos 15 anos, pelo menos, a tentar aumentar os meios de controlo de controlo da opinião - e têm aumentado sempre".

Agenda política gira à volta do Governo

"António Barreto, que chegou a ser ministro da Agricultura e Pescas do I Governo Constitucional de Mário Soares, aponta uma estratégia em torno do Governo que será assegurada por milhares de pessoas a quem está atribuída a função de organizar a informação e fazer a agenda política.

"Nas palavras do investigador social, "hoje em dia haverá 2500 a três mil pessoas cuja função, no aparelho de Estado, é organizar a informação e fazer a agenda política. Na televisão, nos jornais, na rádio, há uma verdadeira agenda política feita à volta do Governo, pelas agências e gabinetes de comunicação".

"Para António Barreto, "isto chama-se condicionar a opinião pública".

"António Barreto sublinha por outro lado que, apesar destas estratégias de controlo da informação, a liberdade de expressão não está em causa em Portugal. O investigador não tem dúvidas em afirmar que "vivemos num país em que reina a liberdade de expressão".

"Se eu quiser falar, escrever e dizer publicamente o que quero, consigo. Eu sou capaz de dizer publicamente que o Governo está a tentar condicionar a opinião pública, e portanto tenho liberdade de expressão", exemplifica.

"Concentração e dimensão do mercado explicam maior controlo

"O antigo ministro socialista admitiu que as tentativas de exercer controlo da opinião pública acabam por ser maiores em Portugal, quando o país é comparado com os parceiros europeus. António Barreto sublinha que a justificação pode estar na dimensão do país, onde o escasso número de grupos de comunicação a operar no mercado acaba por resultar numa menor pluralidade.

"Tudo se concentrou, e hoje existem dois ou três grupos importantes na comunicação social, que estão relacionados com grupos económicos ou com o Estado, ou que devem ao Estado, ou que estão ligados aos bancos que estão ligados ao Estado", explica António Barreto."

RTP/Lusa

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