segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mesquita tem maioria absoluta? Agradeçam ao PSD (e, por omissão, ao CDS)

Anda por aí uma tese completamente absurda, segundo a qual a Coligação perdeu as eleições em Braga por causa da esquerda. Ora, uma coligação de direita pretender fazer campanha como se a esquerda ou os partidos pequenos não existissem é a mesma coisa que querer que Braga tenha praia e mar. Até podia ser bonito, mas é impossível.

Ora, o PSD não perdeu a Câmara por causa dos pequenos partidos. Muito pelo contrário, e isto é muito importante: os pequenos partidos é que não conseguiram tirar a maioria a Mesquita por culpa do PSD, dos seus erros estratégicos e dos seus tiques hegemónicos.

A pressão do voto útil feita pelo PSD - nem falo do CDS porque o CDS não existiu, para efeitos desta campanha - sobre as candidaturas dos pequenos partidos foi responsável pelo sexto vereador do PS - essa é que é essa. Se o PSD se tem preocupado em perceber que na dicotomia Braga Rural/Braga Urbana o factor decisivo que faz pender a balança eleitoral a favor da primeira é a escassa abstenção que aí se verifica, tinha apontado para um universo eleitoral bem maior. A última semana tinha que ter sido marcada por um apelo ao voto, e não por um apelo ao voto supostamente útil. Porque útil tinha sido, por exemplo, que toda a gente que preferia o candidato da CDU tivesse votado na CDU.

14 comentários:

Paulo Novais disse...

Eu não diria melhor Rui.
Não esperava realmente ler aqueles cabeçalhos sobre as declarações do Ricardo Rio.

Claro. "A culpa não foi minha, foi da esquerda...". Vá lá que os setecentos votos do MPT o impediram de mais uma vez disparar em todas as direcções.

Claro que perdeu muito tempo com os pequenos partidos, à esquerda e à direita e esqueceu-se da abstenção. Que foi a mais alta dos últimos 8 anos pelos menos.

Aí sim, a diferença entre a vitória e a derrota. E a derrota da coligação diz tudo.

Quanto ao CDS/PP. Bem quanto a isso ainda não estou suficientemente calmo para conseguir escrever sem ser com o coração. Mas quero, isso sim, que seja a minha cabeça, fria, clama, a ditar as minhas primeiras palavras sobre este assunto.

Mas quem sabe, talvez possa já adiantar e fazer minhas estas tuas palavras... I hate to say "I told you so".

Nuno disse...

Ao que consta, as freguesias rurais não estiveram mal. A (má) surpresa veio das urbanas. Por exemplo, em S. Victor, a Junta de Freguesia teve 6.000 votos para o Firmino mas muito menos para a Câmara.

Rui Moreira disse...

Nuno, isso é normal. O trabalho da equipa de RR foi irrepreensível nas freguesias - encurtaram a distãncia para Mesquita para níveis que permitiriam ganhar na cidade. Na cidade é que a coisa correu não correu tão bem. Mas a forma menos boa como tudo correu na cidade não se deve ao resultado das votações em si, mas à abstenção. Dito de uma forma simplista, é mais ou menos isto: as eleições em Braga são uma espécie de guerra entre duas Bragas, a rural e a urbana; Mesquita ganha a Braga rural folgadamente e RR ganha a Braga urbana folgadamente; o problema é que na Braga rural a abstenção é abaixo dos 30%. Vai ver as votações por freguesia e diz-me se eu não tenho razão.

Ora, perante isto o PSD não devia ter um discurso hegemónico - anti-esquerda e anti-pequenos partidos, mas um discurso de apelo ao voto dos abstencionistas. Não é fácil reduzir a abstenção da cidade para níveis semelhantes aos das freguesias rurais, mas é possível ir buscar aí votos que não são de ninguém.

O Mesquita - talvez por não ter partidos a quem possa rapinar votos - andou pela cidade a pedir ás pessoas que podiam ficar em casa para lhe darem um último mandato. Ao invés, o PSD andou sobretudo a pedir aos eleitores que estavam a pensar ir votar BE, CDU ou MPT para mudarem de ideias e votarem RR. Com isto, falou para pouca gente quando podia ter falado para mais de 30% da população urbana, passando esta simples mensagem, que os partidos têm obrigação de conhecer: a Braga rural vota mais, ou seja, se a Braga urbana quiser ganhar as eleições, não pode ficar em casa.

Mário disse...

Concordo com o Rui e discordo do Nuno, sobretudo quando proclamou o princípio de Peter.
Parece-me que Firmino dá provas de que tem o eleitorado com ele, fruto do bom trabalho que faz. Porque não deixa-lo testar-se a si mesmo e ver se consegue medir forças com o PS?
Se calhar descobririamos que Firmino Marques é um bom presidente da Junta e um óptimo ou bom presidente de Câmara.

Nuno disse...
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Rui Moreira disse...

Ok Nuno, vamos por partes:

1. Eu não disse que o discurso urbano do Ricardo não foi rico em conteúdo, digo é que foi pobre na estratégia de apelo à mobilização e ao voto. E - repito - foi pobre porque foi partidário. Mesquita pediu o voto aos bracarenses. E pediu-o para ele. A Coligação andou a pedir os votos aos bracarenses que pensavam votar CDU, Bloco ou MPT. Partidarizou o discurso e afunilou a mensagem.

2. É óbvio que 42% pode dar para ganhar. Mas não deu. E não fui eu que disse que tinha um projecto de dois mandatos no máximo. Quem o disse foi Ricardo Rio. Este vai ser o segundo, e ainda não se sabe sequer se ele o vai honrar.

3. A vitória de Firmino amrques é estrondosa porque em São Vítor há uma imensa maioira que sabe e sente qeu tem um belíssimo Presidente de Junta. É óbvio que RR nunca teria a votação de Firmino, nem nada que se lhe assemelhe. Recordo-te, caro Nuno, que quando o Firmino ganhou S. Vítor pela primeira vez, em 2001, a Coligação perdeu para a Câmara em S. Vitor. Agora ganha por muitos e deve-o sobretudo a Firmino Marques, que tem convencido imensa gente de que a Coligação é capaz de governar bem.

Rui Moreira disse...

ando "disléxico" a escrever no computador :)

Nuno disse...

Atirar as culpas para aqui ou para ali é um exercício um bocado ingrato e talvez pudesse ficar para o recato das comissões políticas.

Admito que o discurso poderia ser mais cativante aqui e ali. Eu, como tenho pouco talento, não faria melhor que o Ricardo. Embora vos reconheça, jovens turcos, criatividade e experiência políticas (e a vossa falta foi bem sentida, a começar por mim...).

Admito - sem querer estar a negar todas as minhas convicções - que o Presidente de São Victor tenha o potencial para discutir a Câmara. A história do Princípio de Peter é só um palpite, vale o que vale...

Agora, 42% é um grande resultado em qualquer eleição democrática, em qualquer parte do mundo. Sendo o primeiro dos últimos - e aí custou-me bastante - é também um resultado com enormes potencialidades e "grávido" de esperanças!

Ou seja, quem conseguiu 42% pode (e deve) querer mais. Quem ficou com este resultado conseguiu legitimidade para discutir a presidência da Câmara nas próximas eleições!

Oxalá vocês possam colaborar na grande vitória da Coligação "Juntos por Braga" nas próximas eleições autárquicas de 2013.

Rui Moreira disse...

não vamos confundir as coisas: não é por a Coligação ter cometido um erro - talvez fatal, mas paciência - que o Ricardo deixa de ter valor. Tem valor e muito. Basta ver que em 33 anos nunca ninguém mereceu tanto como ele! Faz cuidado com isto, Nuno :)

Dito isto, concordo contigo quando dizes que o Ricardo pode ser um excelente candidato em 2013. Pode e, se calhar, deve. Não sei é se quer!

O meu ponto aqui era outro e nem se prende com o Ricardo: prende-se com a tentação hegemónica do PSD e com o silência ensurdecedor do CDS - contra quem este discurso, mais dia, menos dia, se vai virar inevitavelmente. então apostam tudo no esvaziamento do Bloco e da CDU e no dia em que perdem dizem que mesquita ganhou porque congregou os votos da esquerda? Estão loucos? A esquerda que penalizou o BE e a CDU votou Ricardo Rio! E, por isso, Mesquita ganhou com maioria...

O que significa que no PSD vigora uma mentalidade aparelhística segundo a qual os votos são de partidos e são conquistados por uns á custa dos outros. E que, com essa mentalidade tacanha, quem perdeu foi Braga. isto tem muito pouco a ver com o Ricardo Rio
e com a forma excelente como ele conduziu estes quatro anos de oposição. É uma questão de mentalidade partidária: o PSD tem esta e a direcção concelhia do CDS - que tinha a obrigação de explicar isto, até porque é do partido que normalmente é vítima do discurso "voto útil" do PSD - não mentalidade nenhuma.

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rui Moreira disse...

Pois! Isso eu não sei, eu não tenho nem um PSD nem um CDS :)

RR é, neste momento, a melhor solução? Claro que sim. É uma questão de convencê-lo.

Mas o PSD ainda vai tendo outras opções: Firmino Marques, por exemplo :)

Para o PS é que está mais difícil. Mas eu já lá vou :)

Anónimo disse...

A prova da inutilidade da bravata do Miguel Brito é que ninguém fala dele.
Para quem queria ser vereador e vale menos que os votos nulos é um desastre.
Nada que não se soubesse e que legitima a pergunta por quem correu o Miguel Brito.
A política devia estar acima das vaidades pessoais, mas é sabido que muitos não resistem ao ego.
Curiosamente o Miguel Brito teve quase o mesmo resultado que o Manuel Monteiro. Dois políticos que se chatearam com o mesmo partido e que partilham do mesmo ódio a Paulo Portas.
Um percurso a seguir com atenção.

Paulo Novais disse...

Meu caro anónimo das 20:15

Eu compreendo-o. Esperavam, se perdessem como aconteceu, ter a esperança de poder culpar o Miguel Brito pela vossa derrota, caso os votos dele fossem os suficientes para, em conjunto bater MM.
Como tal não aconteceu, a coligação na pessoa de Ricardo Rio culpou então a CDU e o BE.
E mesmo assim, aqui está o anónimo. Como sempre. É mais fácil "bujardar" a torto e a direito do que assumir o que correu mal na coligação para perderem "outra vez" as eleições.
Mas se isso lhe dá satisfação e o faz sentir livre de responsabilidades, esteja à vontade.

Quanto ao porquê da candidatura de MB, esteve bem à vista, pois a coligação não só não fez o seu papel e ganhou as eleições como foi uma nulidade em ideias que convencessem os bracarenses a dar-lhe a vitória desta vez.
Pelo contrário, MB fez uma campanha parca em recursos, mas que provou em diversas ocasiões que era farta em ideias, rica em objectivos concretos e, principalmente, uma nova esperança para Braga.

O que pode acontecer no futuro? Só o tempo dirá. Uma coisa é certa. Contra todo e contra todos, MB teve a coragem de assumir esta candidatura, fossem qual fossem as repercussões.
Muito mais do que se pode neste momento dizer de muitas candidaturas.
Olhem para a vosso vosso umbigo antes de criticar o do parceiro.
Só vos ficava bem um pouco de humildade e de reconhecimento de um trabalho que não trouxe os frutos desejados.

Anónimo disse...

Eu admiro a lealdade e a amizade. Comovo-me com isso.